Conquistar e fidelizar o consumidor vai exigir tecnologia e inovação do varejo brasileiro. Esta é a conclusão após mais de 60 palestras e debates em 10 auditórios e salas espalhados pelo Javits Convention Center, no National Retail Federation (NRF) Big Show 2014, em Nova York. O maior evento de varejo do mundo reuniu mais de 30 mil pessoas entre os dias 12 e 15 de janeiro. Os brasileiros integraram a maior delegação, com cerca de 1,7 mil participantes.
O diretor-geral da OneWG, Beto Torres, que acompanhou a NRF, acredita que a comunicação será fundamental neste novo cenário, em que a decisão de compra é bem mais complexa e começa muito antes do consumidor entrar na loja. “O varejo deve explorar as novas tecnologias, como o celular, mas para isso terá que se comunicar de forma diferente com o consumidor. A convergência de informações tem que ser levada para dentro da loja, interligada com a rede e com o conceito da marca”.
Explorar as potencialidades da comunicação mobile é uma das grandes lições do Big Show 2014. “Passamos o dia com nosso celular. O dispositivo traz informações de localização, deslocamento, hábitos e preferências de cada um de nós. É a mais poderosa ferramenta para venda. A tendência é que o celular seja usado para consultas, compras, pagamentos e relacionamento. Saber explorar a ferramenta como meio de interação e relacionamento com o cliente, usar a linguagem correta e no time adequado, com muito cuidado para não invadir a privacidade das pessoas, são nossos desafio”.
Os profissionais da comunicação terão que lidar, ainda, com um grande volume de dados em tempo real, essenciais para a tomada de decisão. Para isso, passarão a trabalhar com Big Data, um conjunto de soluções tecnológicas capaz de reunir muitas informações e apresentá-las de forma estruturada. Um exemplo prático de Big Data no varejo é o que a americana Dollar General faz. Ela monitora as combinações de produtos que seus clientes põem nos carrinhos. Com isso, descobriu algumas curiosidades: quem bebe Gatorade tem mais chances de também comprar laxante. O Big Data pode ser usado, ainda, para analisar o perfil dos consumidores nas redes sociais. Com os dados, é possível gerar o chamado marketing 1by1, que é criar um relacionamento personalizado da marca com o cliente.
Há também uma grande discussão sobre os novos pontos de venda (PDVs). Uma pesquisa mostra que 75% das pessoas não se importam se as marcas que elas usam hoje sumissem de suas vidas. “Os centros de compras devem ser locais de experiências positivas, nem sempre ligadas diretamente à venda. Com tantas novidades tecnológicas, por que as pessoas saem de suas casas para fazer compras nas lojas? O ser humano é um animal que vive em grupo, que precisa se sentir pertencente a algo e vivenciar experiências. Por isso, cada vez mais as lojas terão que oferecer uma atmosfera positiva, com relações físicas com outras pessoas e sensações diferentes”.
Além da convenção, há dois pavilhões de expositores de equipamentos de tecnologia e suprimentos para o varejo na NRF. Entre os palestrantes, Beto Torres destaca o ex-presidente George Bush. “O ex-presidente fez uma palestra interessante sobre as questões críticas de seu governo. Independentemente de concordarmos ou não com as medidas tomadas por ele, uma mensagem muito forte e importante foi deixada em sua palestra. A empresa tem que ter uma visão, ter uma crença real do que faz um mundo melhor e, a partir dela, ter uma doutrina clara para que sua organização entenda e transmita isso em todos os níveis, sem deixar que os inputs negativos desviem sua motivação. As organizações não podem conviver com pessoas ou ações que não se encaixam nesta filosofia, não podem ‘vender sua alma’, mesmo que isso signifique perdas e dificuldades futuras”, explica o diretor-geral da OneWG.
Fonte: Acontecendo Aqui