segunda-feira, 11 de março de 2013

Satisfação pessoal faz jovens de Santa Catarina abrirem as próprias empresas



Paulo Orione, 20 anos, nunca teve carteira de trabalho assinada nem está procurando emprego. Mas isso não é motivo de preocupação para os pais dele. O estudante de Administração faz parte do exército de 1,5 milhão de brasileiros com idade entre 16 e 24 anos que está no comando da própria empresa. São jovens, em sua maioria representantes da chamada nova classe média, que escolheram arriscar e viraram chefes antes mesmo de serem empregados.

Em Santa Catarina, os setores de tecnologia e prestação de serviços são os que mais atraem os novatos. Uma geração que passou a adolescência ouvindo histórias de Steve Jobs, fundador da Apple, e Mark Zuckerberg, do Facebook, que com boas ideias e muita coragem criaram gigantes e lucrativas empresas. E hoje, entrando no mercado de trabalho, essa geração ainda sonha com isso.

Pesquisa do Instituto Data Popular mostra que além do 1,5 milhão de empreendedores brasileiros que têm idade entre 16 e 24 anos, outros 22 milhões de jovens da mesma faixa etária desejam abrir um negócio próprio. O principal motivo para 46,4% deles é poder fazer o que gosta, revela o estudo. O caso de Paulo Orione é um exemplo típico. Vivendo em Florianópolis há 10 anos, o jovem, natural de Cuiabá, capital de Mato Grosso, chegou a fazer um estágio em uma corretora de seguros por seis meses.

 – Mas era muito chato. Não tem estágio que vá oferecer a mesma experiência que estou vivendo agora, e é um prazer estar trabalhando – compara o jovem empreendedor.

Orione e o amigo de faculdade Gustavo do Valle Pereira, 21 anos, montaram a Decora.do em outubro do ano passado, uma empresa que faz o meio de campo entre clientes que querem renovar o visual de um espaço e decoradores de todo o país.

Hoje, além dos dois sócios, a empresa tem três funcionários e está instalada na incubadora Whapp, em Florianópolis, que ajuda a equipe da Decora.do a resolver os problemas de quem está começando.

Intercâmbio com veteranos

Orione e Pereira seguem estudando mas, além da faculdade, buscam na conversa com outros empresários (jovens e veteranos) um aprendizado complementar que poderá auxiliá-los. O presidente do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de SC (Cejesc), Marcelo Noronha, diz que essa troca de experiências é muito comum e produtiva. Hoje, o Cejesc reúne cerca de mil jovens em 50 núcleos setoriais e promove, uma vez por mês, visitas técnicas a empresas consolidadas.

O diretor da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Bernardo Castro, vai além e defende que o ideal é ter um sócio mais experiente que faça parte da rotina operacional da nova empresa. Ele reconhece que, em Florianópolis, a presença de jovens no comando das empresas é grande e que o principal fator positivo deste cenário é “a vitalidade e a vontade de fazer acontecer”, demonstrada por essa turma. Mas lembra que empreender é caro e que o índice de fracasso ainda é grande. Por isso, para ele, formar uma sociedade combinando a disposição dos novatos com a experiência dos veteranos parece ser o caminho mais indicado rumo ao sucesso e, mesmo assim, cercado de riscos. 

Falência traz ensinamento

Aos 24 anos, João Selarim está à frente de sua segunda companhia. Ele trabalhou como programador antes de montar uma empresa de software que fechou as portas precocemente. Hoje, é sócio da SmartMob, um escritório de coworking da Capital que aluga espaço físico e equipamentos para profissionais autônomos e pequenas empresas.

Formado em 2008 na graduação em rede de computadores, ele usou todas as economias na primeira empresa. A falência não o desmotivou:

– Faz parte do aprendizado. Queria fazer tudo muito perfeito. Deveria ter focado mais no lado comercial, em vender o produto. Muita gente passa por isso. Mas sou novo e a hora para arriscar é agora.

Para Cristina Bunn, 21 anos, a vontade de abrir uma empresa sempre foi tão forte que ela sequer fez a carteira de trabalho. Junto ao amigo Cláudio Mendes, 20, que conhece desde o ensino médio, ela criou a empresa Grão Digital, que presta serviços de webdesign e marketing digital e, por enquanto, utiliza as instalações da SmartMob.

A Orquestro também é cliente da SmartMob. Trata-se de uma empresa criada por três amigos que ajuda seus clientes a criar projetos digitais e a lançar seus produtos na web. Bruno Bertolini, um dos sócios, tem 24 anos e chegou a trabalhar como desenvolvedor de softwares antes de montar o próprio negócio. Como a empresa não tem estrutura física própria, a largada exigiu mais disposição do que dinheiro.

A melhor dica é planejar

Entre os fatores que estão impulsionando o empreendedorismo entre os jovens, o presidente do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de SC (Cejesc), Marcelo Noronha, aponta uma geração crescendo com acesso a internet, e a facilidade de crédito para financiar os novos negócios. E este cenário favorável deve continuar nos próximos anos, acredita o gerente de mercado do Sebrae-SC, Spyros Diamantaras. Ou seja, ainda dá tempo para buscar o suporte e as parcerias necessárias para tirar aquela ideia do papel. Mas Diamantaras destaca a importância do planejamento do novo negócio. Ele considera que as universidades estão atentas ao novo cenário e focando também a formação do lado empreendedor dos atuais estudantes. André Sakai, 24 anos, teve a sorte de conviver desde cedo com o comércio. Os pais dele fundaram a loja Maria Sakai, em Florianópolis, empresa da qual hoje é sócio. Formado em Administração, ele começou a trabalhar aos 19 anos e hoje comanda as finanças da loja. 

– Tive oportunidades de assumir muito mais responsabilidades aqui do que teria em qualquer outra empresa que eu trabalhasse. Foi um grande aprendizado na prática. Hoje, tenho muita liberdade para planejar o futuro da loja – avalia André.

Fonte: Diário Catarinense












Paulo Orione, 20 anos, nunca teve carteira de trabalho assinada nem está procurando emprego. Mas isso não é motivo de preocupação para os pais dele. O estudante de Administração faz parte do exército de 1,5 milhão de brasileiros com idade entre 16 e 24 anos que está no comando da própria empresa.

São jovens, em sua maioria representantes da chamada nova classe média, que escolheram arriscar e viraram chefes antes mesmo de serem empregados.

Em Santa Catarina, os setores de tecnologia e prestação de serviços são os que mais atraem os novatos. Uma geração que passou a adolescência ouvindo histórias de Steve Jobs, fundador da Apple, e Mark Zuckerberg, do Facebook, que com boas ideias e muita coragem criaram gigantes e lucrativas empresas. E hoje, entrando no mercado de trabalho, essa geração ainda sonha com isso.

Pesquisa do Instituto Data Popular mostra que além do 1,5 milhão de empreendedores brasileiros que têm idade entre 16 e 24 anos, outros 22 milhões de jovens da mesma faixa etária desejam abrir um negócio próprio. O principal motivo para 46,4% deles é poder fazer o que gosta, revela o estudo.

O caso de Paulo Orione é um exemplo típico. Vivendo em Florianópolis há 10 anos, o jovem, natural de Cuiabá, capital de Mato Grosso, chegou a fazer um estágio em uma corretora de seguros por seis meses.

– Mas era muito chato. Não tem estágio que vá oferecer a mesma experiência que estou vivendo agora, e é um prazer estar trabalhando – compara o jovem empreendedor.

Orione e o amigo de faculdade Gustavo do Valle Pereira, 21 anos, montaram a Decora.do em outubro do ano passado, uma empresa que faz o meio de campo entre clientes que querem renovar o visual de um espaço e decoradores de todo o país.

Hoje, além dos dois sócios, a empresa tem três funcionários e está instalada na incubadora Whapp, em Florianópolis, que ajuda a equipe da Decora.do a resolver os problemas de quem está começando.

Intercâmbio com veteranos

Orione e Pereira seguem estudando mas, além da faculdade, buscam na conversa com outros empresários (jovens e veteranos) um aprendizado complementar que poderá auxiliá-los. O presidente do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de SC (Cejesc), Marcelo Noronha, diz que essa troca de experiências é muito comum e produtiva. Hoje, o Cejesc reúne cerca de mil jovens em 50 núcleos setoriais e promove, uma vez por mês, visitas técnicas a empresas consolidadas.

O diretor da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Bernardo Castro, vai além e defende que o ideal é ter um sócio mais experiente que faça parte da rotina operacional da nova empresa. Ele reconhece que, em Florianópolis, a presença de jovens no comando das empresas é grande e que o principal fator positivo deste cenário é “a vitalidade e a vontade de fazer acontecer”, demonstrada por essa turma.

Mas lembra que empreender é caro e que o índice de fracasso ainda é grande. Por isso, para ele, formar uma sociedade combinando a disposição dos novatos com a experiência dos veteranos parece ser o caminho mais indicado rumo ao sucesso e, mesmo assim, cercado de riscos. 

Falência traz ensinamento

Aos 24 anos, João Selarim está à frente de sua segunda companhia. Ele trabalhou como programador antes de montar uma empresa de software que fechou as portas precocemente. Hoje, é sócio da SmartMob, um escritório de coworking da Capital que aluga espaço físico e equipamentos para profissionais autônomos e pequenas empresas.

Formado em 2008 na graduação em rede de computadores, ele usou todas as economias na primeira empresa. A falência não o desmotivou:

– Faz parte do aprendizado. Queria fazer tudo muito perfeito. Deveria ter focado mais no lado comercial, em vender o produto. Muita gente passa por isso. Mas sou novo e a hora para arriscar é agora.

Para Cristina Bunn, 21 anos, a vontade de abrir uma empresa sempre foi tão forte que ela sequer fez a carteira de trabalho. Junto ao amigo Cláudio Mendes, 20, que conhece desde o ensino médio, ela criou a empresa Grão Digital, que presta serviços de webdesign e marketing digital e, por enquanto, utiliza as instalações da SmartMob.

A Orquestro também é cliente da SmartMob. Trata-se de uma empresa criada por três amigos que ajuda seus clientes a criar projetos digitais e a lançar seus produtos na web. Bruno Bertolini, um dos sócios, tem 24 anos e chegou a trabalhar como desenvolvedor de softwares antes de montar o próprio negócio. Como a empresa não tem estrutura física própria, a largada exigiu mais disposição do que dinheiro.

A melhor dica é planejar

Entre os fatores que estão impulsionando o empreendedorismo entre os jovens, o presidente do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de SC (Cejesc), Marcelo Noronha, aponta uma geração crescendo com acesso a internet, e a facilidade de crédito para financiar os novos negócios. E este cenário favorável deve continuar nos próximos anos, acredita o gerente de mercado do Sebrae-SC, Spyros Diamantaras. Ou seja, ainda dá tempo para buscar o suporte e as parcerias necessárias para tirar aquela ideia do papel.

Mas Diamantaras destaca a importância do planejamento do novo negócio. Ele considera que as universidades estão atentas ao novo cenário e focando também a formação do lado empreendedor dos atuais estudantes. André Sakai, 24 anos, teve a sorte de conviver desde cedo com o comércio. Os pais dele fundaram a loja Maria Sakai, em Florianópolis, empresa da qual hoje é sócio. Formado em Administração, ele começou a trabalhar aos 19 anos e hoje comanda as finanças da loja.

– Tive oportunidades de assumir muito mais responsabilidades aqui do que teria em qualquer outra empresa que eu trabalhasse. Foi um grande aprendizado na prática. Hoje, tenho muita liberdade para planejar o futuro da loja – avalia André.
Bruno, Cristina, João e Cláudio (da esquerda para a direita) dividem o mesmo espaço colaborativo.Foto: Jessé Giotti / Agencia RBS

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FLASHNEWS Assessoria de Comunicação

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