segunda-feira, 13 de junho de 2016

Conferência de Jornalismo Digital apresenta visão de editor-chefe digital do jornal Washington Post


Conferência de Jornalismo Digital apresenta visão de editor-chefe digital do jornal Washington Post


Durante a Conferência de Jornalismo Digital realizada em Huesca, Espanha, o editor-chefe digital do Washington Post, Emílio Garci-Ruiz,  trouxe informações importantes sobre as mudanças da imprensa e do jornalismo contemporâneo. Garcia-Ruiz apontou mudanças trazidas por Jeff Bezos, dono do jornal e fundador do Amazon.com, Bezos pede aos jornalistas para adotar o princípio de vendas na empresa para praticamente tudo.


Um conceito fundamental na estratégia de varejo é o funil de vendas, Garcia-Ruiz disse em seu discurso de abertura no dia 10 de março na Conferência de Jornalismo Digital em Huesca, Espanha. A ideia é obter o maior número de pessoas possível para provar o seu produto (em jornalismo, é compartilhando nas redes sociais), levá-los a pagar por um produto e, em seguida, torná-los compradores que retornam para produtos de maior valor. Em cada fase, o pool de clientes é menor, mas gasta mais.

A chave no sentido do negócio, disse Garcia-Ruiz, é manter em expansão o pool [de clientes] no topo do funil, assim como a Amazon tem feito no varejo. E do ponto de vista do jornalismo, a chave é mesclar o melhor do jornalismo com a melhor tecnologia para fazer com que as pessoas voltem mais.

O Post tem sido criticado por adotar uma estratégia semelhante ao BuzzFeed de buscar o compartilhamento viral, em parte atraindo tráfego com manchetes quentes. No entanto, isso funciona. Garcia-Ruiz e sua equipe comemorou ter ultrapassado o New York Times no tráfego total nos últimos meses.

Realidades duras para as editoras 

Entre as novas realidades para os meios de comunicação tradicionais como o Post, disse Garcia-Ruiz, são que os modelos tradicionais de jornalismo, representados pela primeira página e página inicial, não importam no mundo digital:

Apenas 20% do público digital do Post vem para a home page; 80 por cento chega através de redes sociais, buscas e boletins de e-mail 70% do público do Post está acessando notícias através de dispositivos móveis, principalmente smartphones

A edição impressa está perdendo assinantes rapidamente -- quase um quarto do total, em apenas dois anos, segundo uma estimativa -- enquanto que o público digital está crescendo rapidamente

Por essas razões, o Post está abraçando estas novas realidades criando conteúdo para ser compartilhado nas redes sociais e reformatando o seu jornalismo investigativo para ser exibido melhor em dispositivos móveis.

Alguns consideram que isso significa ceder demais para o público ou render-se às grandes plataformas de tecnologia -- Facebook, Google, Microsoft, Apple e outros. Muitos no jornalismo estão preocupados com as implicações da tendência para a imprensa em seu papel como o "Quarto Estado", um contrapeso ao poder e "cão de guarda" para a sociedade (uma preocupação melhor expressa por Emily Bell da Universidade de Columbia em uma palestra recente).

Manchetes melhores

Às vezes, nós no jornalismo nos levamos muito a sério, disse Garcia-Ruiz, e isso nos leva a cometer erros, como escrever títulos chatos. Não é um erro escrever algo popular, acredita ele. Ele deu como exemplo a história da mulher na Austrália cujo marido contratou alguns pistoleiros para viajar para a África e assassinar sua esposa, quem ele suspeitava ser infiel.

A manchete na BBC, "Spared by the hitmen with principles" (Poupada por pistoleiros com princípios), perdeu o ponto, em sua opinião -- como fez a manchete de um jornal australiano, "Man who had de facto kidnapped wife in Africa murder plot jailed in Melbourne" (O homem que teve esposa sequestrada em conspiração de assassinato na África preso em Melbourne).

Enquanto isso, a manchete do Post fez com que a matéria fosse a mais popular na história da edição digital, com 7 milhões de visualizações de página: "Wife crashes her own funeral, horrifying her husband, who had paid to have her killed" (A esposa vai de penetra a seu próprio funeral, assustando o marido, que tinha pago para matá-la).

E quanto ao fato de que essa não era uma matéria própria do Post, mas de um serviço de notícias? Mais uma vez, o Post não tem nenhum problema em compartilhar matérias de agências de qualquer lugar do mundo sobre qualquer variedade de tópicos, disse ele. Por que não tornar esta matéria tão interessante quanto possível?

Não é um pecado ser popular. Não é um pecado abraçar as novas realidades. Especialmente porque as formas velhas não estão mais funcionando. A mensagem de Garcia-Ruiz foi claramente a mais envolvente e inspiradora no congresso, e ele foi cercado por membros da plateia depois de sua palestra. Muitas organizações de mídia o entrevistaram.

Fonte: IJNet

FLASHNEWS Assessoria de Comunicação

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